Depois eu viajei. Pra fugir da possibilidade de desencontrar a única pessoa que de fato me fazia sentir viva, com suas mãos enrugadas e papo cabeça que desafiava o pouco estudo. Existem países com 2 capitais, tipo a Turquia. Entendi que o concreto era mais que me mostrava, tinha outras facetas. Era carinho. Era música e cor. As cores mudavam quando eu ditava, e a playlist era do gênero que eu preferisse. O concreto era contato.
Então aprendi a dar. Eu dei meus limites, dei muito além do que podia. Até o nascer do dia. E descobri que eu ficaria mais uma vida, mas não fiquei. O que era fome de guerra, de conquista, se fez reestruturação de territórios, de nomenclaturas nunca aclaradas. A entrega não pede mais que o tempo presente.
Antes eu testava o quanto podiam usar dos meus oferecimentos. Mas, de repente, me afogando entre muitos gostos.... em um recorte sincrônico eu encontrei um ritmo. O que ofereci foi real, não pré programado em um molde antigo. Ofereci completo. E gostei.
Eu soube que era o que é quando meu coração foi convidado, de forma cortez e à minha altura, a se abrir. Enxerguei pela primeira vez que não havia barreira, porque ainda que a gente fosse diferente, um não era melhor ou pior que o outro. Cada detalhe derreteu o gelo dos traumas, dos medos, das dores... cada encontro foi brisa, suave, suave... envolvente... e cada segundo foi sorte. Como uma visita em um ponto turístico diferente, daquelas que planejar ver tudo é besteira... tem que se deixar viver... e mais do que dar, o meu entregar foi receber. Aprender a receber e se arriscar a perder... o concreto e o abstrato se beijaram, e eu encontrei na falta do outro a minha linguagem... nem sempre são músicos que entendem músicos... a arte de amar não se restringe..
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