Acho que estou diante de um questionamento que permeia o modelo científico vigente: o modelo médico, da razão. "Sou geógrafo, não explorador". Ainda hoje, no meu contexto histórico, estou diante de companheiros que se enraízam no "penso, logo existo". Não estou dizendo que a razão não seja importante. É muito importante que existam geógrafos. E filósofos, e médicos, e biólogos, e matemáticos. Mas como constatou Kuhn, a ciência é feita de paradigmas, e paradigmas precisam sempre ser quebrados. Não dá pra construir uma vida inteira enraizado em qualquer ideologia racional se o objetivo é viver uma vida bem vivida. A ciência é boa quando serve o ser humano - e pra algo servir tem que mudar junto. Se não muda junto é falsa certeza.
Acho que não explorar diz também do péssimo hábito da minha geração de aprender muito passivamente. Não praticamos esportes: ao invés disso assistimos alguém praticá-los através de uma tela de computador. Não passamos perrengues profissionais: ao invés disso lemos artigos científicos a respeito, conversamos com os mais velhos. Não nos entregamos nas relações por medo, não ouvimos, não sentimos cheiro, não tocamos, não beijamos, não abraçamos, não sentimos dor. Não anotamos nossas flores efêmeras.
Mas aí, quando elas passam, entendemos que elas eram, no fundo, tudo o que importava. "Minha flor é efêmera e eu a deixei sozinha com apenas quatro espinhos para se defender". Mas o planeta era grande demais pra anotar uma flor.
O empírico parece não ser rebuscado o suficiente, não é chique. Como a gente chegou aqui? O que dá pano pra manga é viver fragmentado.
Que a gente não permaneça preso na velha máxima da quantidade X qualidade de registrar ou viver... que a gente acorde, que a gente aprenda a valorizar nossas flores...
"Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não uma solução. Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é meu coração" Drummond
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