sexta-feira, 7 de maio de 2021

Desafio 7


Anoiteceu mais cedo naquele dia, por volta das 15h. Boatos que o prefeito ainda estava no meio do caminho pra casa, mas Penélope já tinha sido dispensada da empresa desde a metade da manhã. "Cada macaco no seu galho", frase informativa e direta, que, na opinião da editora, poderia ter evitado a entrevista prolixa de Krist, o cientista representante da suah - serviço de ultra aprimoramento humano. Durante a chamada, sensacionalismo puro.... mascarado em um discurso progressista que dizia mais do mesmo. Era o povo de Minks o povo escolhido para o experimento social do século... ou melhor, outro deles... daquelas... daquelas baboseiras que faziam o nome da cidade nunca sair do foco da mídia e bagunçar todo o trabalho de verdade de jornalistas sérios. Ficariam quanto tempo vivos em um breu total, afinal?
Girando o chaveiro do carro entre os dedos,  dentro da própria garagem escura depois de uns bons minutos de tédio, Penélope não sentia a menor vontade de descobrir. Hoje poderia ter sido diferente? Intuiu que não. Jamais se arrependia do jeito que vivia a vida. Krist era patético e miserável, ela não.
Levou a chave até o chaveiro e decidiu entrar em casa, porque já estava começando a sentir frio e ainda tinha que descobrir como se trocar sem luz. Mesmo que se vestir adequadamente não fizesse a menor diferença pra ninguém naquelas circunstâncias, constatou, rindo de si mesma, talvez se distraísse.
Não esperava, porém, que algo chamasse repentinamente sua atenção. Ouviu um ruído, uma espécie de clique metálico, que não se assemelhava com qualquer tipo de máquina... que, na verdade, era estranhamente vivo. Percebeu que o som parecia vir de uma das rodas de seu carro. Quis alcançá-lo imediatamente, mas não fez - com as poucas horas de escuridão seus sentidos se mostravam alerta. Rezou, rapidamente, ainda que não fosse exatamente uma pessoa religiosa. Sem jeito, percebeu que estava certa... sobre a escuridão, sentiu a criatura misteriosa se aproximar. Tudo o que pode fazer foi esperar... esperar que ela a encontrasse. Uma criatura desconhecida vinha em sua direção.
Viu grandes e esbugalhados olhos vermelhos, trêmulos, mas posicionados, e eles viram os olhos de Penélope, assustados e inertes.
Xeque-mate, não tiveram muito tempo. Zarpou como um foguete. 

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