terça-feira, 27 de abril de 2021

Desafio 6

Quando eu era mais jovem, eu pensava que a vida era feita de grandes momentos e decisões importantes. Era o que a mídia e os livros de amorzinho que eu lia me vendiam... um encontro transformador, uma frase impactante, a morte de uma pessoa querida ou a compra da casa própria, um bom emprego... voce sabe, um ponto de virada.. aquele ponto de virada. Então, por muito tempo, eu o busquei... e nesse tempo, se você me perguntasse se tinha algo em mim que eu realmente gostava, eu te responderia, prontamente: meus simbolismos. Tudo era um grande evento. Mas o tempo seguiu correndo, e eu me tornei analista. Comecei a conhecer muitas histórias além da minha própria... eu diria até que, de certa forma, cheguei a viver as histórias que ouvia... e ouvindo, mais e mais, fui percebendo que as grandes coisas não eram eventos específicos, ou decisões pontuais.. as grandes coisas eram um conjunto de pequenas coisas, como em uma caminhada, que a gente tem que dar um passo de cada vez. Toda vez que eu vou escrever um caso, eu grifo algumas partes importantes de canetinha colorida. Mas, nem sempre quando eu volto, as partes grifadas são as que importam, ou eu estou usando a mesma cor. Pensando assim, eu percebi que dava muito peso pras minhas escolhas... nem tudo dependia de mim, nem tudo acontecia porque eu não pensei direito..., eu podia voltar e refazer, brincar de novo com outra cor no que já tinha riscado...
Talvez esse texto seja um texto muito irônico.. porque minha vida mudou quando entendi que a mudança era gradativa... minha vida não tem um antes e um depois, ela tem um agora. E o agora é sempre um mar de possibilidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário