sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Suspiro

Hoje me lembraram que o encaixe perfeito não existe e, mesmo que já tenha ouvido isso tantas outras vezes, foi impactante ouvir. Sempre é. O que é possível e faz sentido é o encontro nos desvios, nunca na norma. É o desvio que faz o singular. E o singular também é construção de identidade, não só a identificação (eu sei lá se uso bem os conceitos, e honestamente, não me importo).

Eu sempre me perguntei o que tinham em comum os meus objetos de desejo e a resposta era frustrante: "são todos diferentes, eu não faço sentido nenhum". Me incomodei por amar apenas pessoas, me incomodei por não estar ali onde devia estar - o ideal doeu. Então hoje a ciência me deu um presente: o nada que tanto me causava desconforto, virou categoria.

Ser de aquário é uma permissão arbitrária que o mundo te dá pra construir sua identidade com mais facilidade. E existir. Os nascidos sob a influência desse signo são claramente privilegiados. Mesmo privilegiada, se eu pudesse ainda reivindicar algo, gostaria de acrescentar umas asas nos meus peixes interiores.

Hoje eu quero um amor leve, maduro. Não mais um amor perfeito. Eu acho que talvez eu busque um amor fantástico. Não um amor de tradições pré-dispostas, que seja referência. Ou uma grande história de amor com muitas conhecidencias e milagres (e casas, e filhos e mortes). Um amor simples. Sabe, daqueles que a gente não precisa ficar se provando entre milhares de outras opções. Ou pisando em ovos em uma cultura de cancelamento. Mas um amor que me deixe existir, que me ajude a existir na minha diferença, que aceite meus mecanismos identitários. E que permita que eu faça o mesmo. Do meu jeito.

De todas as minhas versões, a Ana Beatriz é minha preferida. Eu não sabia que ela existia por si só até muito pouco tempo, achava que era só um conjunto das minhas outras 4 versões. É que ela quase nunca vem à tona porque as outras 4 estão sempre se empenhando muito mais pra chamar minha atenção. Mas, ufa! O todo não é a soma das partes.

Eu pensava que o amor que eu buscava seria aquele que amasse as minhas versões. Mas acho que, na verdade, o amor que busco é o que me faz despertar a Ana Beatriz. A minha totalidade. E, ufa! Vamos juntos. Então talvez (e só talvez) eu não precise de cores preferidas. Ou qualquer outra coisa que, até hoje, eu achei tão essencial - e me impediu de viver meu amor fantástico. 

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