quinta-feira, 4 de julho de 2019

#10 Nenhum amor aguenta sem ceder

Até conhecer aquela flor, o pequeno príncipe apenas havia se deparado com flores comuns. Ele não sabia dizer de onde ela tinha vindo e muito menos entendia o que ela lhe fazia sentir: ele observava como ela crescia e brotava e se questionava se ela poderia ser só mais uma espécie de Baobá. Apesar do princepezinho só querer contemplar logo a flor como era, ela era cheia de melindres e ensaiava um montão de vezes antes de se mostrar - queria se ver sem defeitos, no ápice da sua beleza. 
"Como és bonita", disse o princepezinho, quando finalmente a viu, em sua autenticidade, pureza e sinceridade. A Rosa se mostra, em partes, da maneira como quer e pede para ser amada e cuidada. "Cuides de mim", ela dita as regras. O principezinho, em sua inocência, obedece, pois não consegue enxergar além - está extasiado. A Rosa sofre então a síndrome do impostor: não consegue se sentir verdadeiramente amada pelo pequeno príncipe, pois ele não a enfrenta e não a vê por inteiro. Ela pensa que seus espinhos o afastariam... Mas como poderia saber, se não lhe dá escolha? Ele, em contrapartida, inexperiente, a contempla e ama da maneira com que a Rosa lhe permite.
"Não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume"
""Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras"
...
Por mais que houvesse amor, o modo de ser da Rosa, rígida e orgulhosa, sem nunca ceder, e do Pequeno Príncipe, por sua falta de experiência e abstração, acabou por desgastar o relacionamento.  

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