segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Uma pira chamada violão

Esse texto é bem estranho, então eu não recomendo que você leia, caso não seja eu mesma.
(Não reclame posteriormente de não ter sido avisado)

Esses dias eu encontrei um texto antigo que escrevi a respeito do baixo. Eu costumava gostar muito de baixo. Acho era um instrumento um pouco heroico pra mim? Ele tinha um quê de mistério, quase como uma tulipa azul, porque o baixo é aquele instrumento que dá sustentação pra música, mas ao mesmo tempo é bem discreto. Uma música sem baixo é uma música que falta um preenchimento, mas a gente não presta tanta atenção no baixo quando ele está lá. É um instrumento muito interessante, de fato. Mas, enquanto eu relia aquele textinho, eu fiquei me perguntando se eu considerava mesmo o baixo o meu instrumento preferido.
Acho que a resposta foi não. E tudo bem. Eu fiquei pensando sobre o que fazia um instrumento ser legal pra mim, o que eu gostava nos instrumentos em geral. O som do violino me agrada muito, a bateria parece bastante autêntica e expansiva em expressão de sentimentos, o piano é bem complexo e denso. Eu gosto muito deles, gosto mesmo. Gosto de todos os instrumentos que eu conheço e é como se eu pudesse enxergar vida neles, sei lá. Quase que uma humanidade. Mas é como se todos tivessem coisas que não fossem boas o suficientes pra mim, que não preenchessem todos os requisitos?  Coisas que me faziam desgostar deles de alguma forma. Mas não era como se essas coisas fossem ruins? O baixo era ausente demais, às vezes. O violino era esquisito, me fazia ter dor no pescoço. A bateria era grande demais, ocupava muito espaço. O piano era denso demais. Eram como pessoas, as pessoas que estavam à minha volta. Pessoas imperfeitas. Perfeitamente amáveis, mas imperfeitas, como se faltasse algo.
Mas o violão não! E isso me fez concluir que o violão era meu instrumento preferido. Violão não é um instrumento muito especial. Ele é comum, todo mundo conhece. Talvez seja o instrumento mais popular entre as pessoas que gostam de música e escolhem algo para aprender (ou talvez seja só uma percepção minha mesmo e eu esteja errada). Ele não tem nada de mágico: não é fechado como o baixo, não tem um som tão interessante quanto o violino, não é autêntico como a bateria, não é denso como o piano. Não, ele não é. Ele é o centro das atenções sempre, mas é algo tão corriqueiro que deixa de ser perceptível. E tudo bem, todas essas coisas que seriam talvez um problema não são. E ele tem todo o resto! Dá pra levar o violão pra todo lugar, dá pra tocar quando der na telha. Ele é companheiro para todas as horas.  Ele é pró-ativo: junta melodia e acompanhamento em uma parada só e dá conta do recado. Ele é versátil e aberto (minha coisa preferida no violão!): existem muitas maneiras diferentes de se tocar um mesmo acorde no violão. Dá pra fazer um milhão de coisas com ele, do clássico ao popular, do batido ao dedilhado, com palheta e sem palheta! Ele nunca perde a essência! E ele tem corpo... tem uma boca e cordas, responsáveis pelo falar dele no meu coração...  O som que o violão faz é um som único, eu me perco ao ouvir. Ele tem braços e mão! Ele toca o meu corpo... é um encaixe perfeito. Os meus dedos escorregam pelas cordas... são toques perfeitos, conectados... tocar violão para mim é quase sexual: uma união de energia e de alma.
O violão é um instrumento perfeito.
Não porque seja perfeito, mas porque ele é perfeito pra mim (faz algum sentido?).
Acho que se o violão fosse uma pessoa, seria meu namorado.  

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