Eu nem me lembrava mais desse texto. Estou apaixonada por ele! Estou apaixonada por me lembrar da sensação exata que foi me descobrir apaixonada conscientemente por alguém, pela primeira vez! (Por agora, a nota mental de que chega de se apaixonar. E ainda! Nada de melhores amigos).
17/06/2016
Quando o Joao terminou comigo e foi embora, eu nunca achei
que construiria uma relação tão profunda com alguém novamente. Eu estava certa
de que nunca mais conheceria uma pessoa como ele, que pudesse me fazer ver o
mundo de uma forma nova ou me cuidasse com tanto carinho e amor. Me senti
triste, desolada e sozinha, com um buraco enorme no peito, uma doente de amor
incurável. Então escolhi entrar debaixo das cobertas e do chuveiro pra chorar,
me trancar no banal, sofrer e remoer, por um loongo tempo. Vieram momentos de
raiva, de ignorância, e por fim, perdão. Dois anos depois, assim que dei por
finalizada a etapa da superação, me vi buscando em outras pessoas o que devia
buscar em mim mesma. A nova etapa a que me propus foi a de autoconhecimento,
com seus contrários, paradoxos, complicações. A primeira vista, um caminho
esquisito, sinuoso, complexo, difícil.... porém, aos poucos, muitas vezes até
mesmo após tempestades fortes, flores e cheiros que me invadiam de um modo
peculiar e único, me envolvendo de amor e crescimento pessoal. E então, em uma
reunião costumeira de amigos, me aconteceu algo que nunca (nunca, nunca, nunca)
havia me acontecido antes. Nem mesmo com o Joao. Eu me dei conta, me vi
consciente e entregue, a algo que há tempos já acontecia ali dentro de mim - e
eu estava ocupada demais para notar. Ao olhar bem no fundo dos olhos de um
certo alguém, eu me vi despida das máscaras sociais, das preocupações, dos meus
medos, das minhas faltas..... eu me vi. Sem mãos suadas ou borboletas no
estômago, sem indecisão ou racionalidade, sem motivo, sem neuras... sem nada.
Minha alma estava nua. Ele me via além.
Eu soube.
Estava apaixonada.
Mais.
Um garoto do acaso, que sempre esteve lá. Amigo dos amigos.
Só tinha se achegado, sem motivo especial, sem interesse. Alguém manso,
intenso, risonho, livre.... violão, voz, filmes. Um profundidade pura e nata da
nossa amizade. tumtum. Os olhos dele sorriam para mim, os momentos passavam em
câmera lenta na minha cabeça... mais.. mais... quando? como? serio? por que ele?
MAIS! tumtum. Quem diria?
Se seria recíproco
posteriormente, não conto. Não importa. O que importa mesmo é que Joao não
era único no mundo porque tinha nascido assim pra mim... como a Rosa do pequeno
príncipe, Joao foi único no mundo - no MEU mundo - pelo tempo que eu lhe havia
dedicado, durante anos, por inteiro. Ele continuava único existindo na nossa
história, a história que escrevemos juntos, que faz parte de nós... sempre
continuaria(á). O interessante foi a maneira que a vida achou de me mostrar que
a unicidade do Joao não era única. O jeito de amar do Joao não era único. A
maneira como Joao vivia não era única. Talvez não fosse possível conhecer
alguém como o Joao porque as pessoas são únicas... umas, desejo que sejam
únicas no meu mundo.
Esse alguém, na sua essência, era tudo, menos Joao.
Mesmo assim, foi nesse olhar que eu me perdi.
"Isso é que é boa música eletrônica, Ana" ele diz.
Eu sorrio, boba, e desvio o olhar para pegar um copo de refrigerante.
Ajo estranhamente a noite toda.
Ninguém nota nada.
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