Sou adulta.
No acampamento, tenho impressões estranhas. Estou inserida na cultura do agora, na cultura dos cliques, na cultura da ansiedade. Estou sempre em frenesi. Muitas vezes, mesmo com sono, quando deito minha cabeça no travesseiro, fico pulando de uma rede social para outra, sem rumo ou objetivo real. Antes eu sonhava. Agora, curto, comento, compartilho. Agora também amo através de cliques. Perdi a noção de como era antes, do que poderia ser depois.
"2 + 2 = 5".
Acho que estou aprendendo a duplipensar.
Não quero mais escrever histórias longas. Não quero nem mais escrever histórias. As ideias vem e vão tão rápido que não consigo mais capturá-las e registrá-las. Excelente cursar duas faculdades, hm? Em meio às burocracias, copio EDs. Os livros que eu costumava ler não ficam mais ao meu alcance no ônibus. Quase meio ano sem abrir o Blog. Sou pinóquio as avessas, engessado.
Eu rezo um terço. Sou toda dela. Me sinto profundamente amada, é quase reconfortante. Sinto raiva das misérias humanas. Eu rezo mais. Rezar conforta meu coração - de acordo com a fenomenologia, acreditar que algo existe já o torna existente.
Torço para que Ele esteja mesmo aqui.
O amor da minha vida me espera exasperado em algum canto do mundo, dentro do nosso trailer imaginário, enquanto eu componho na esperança de que meu grito abafado chegue até ele. Estou esperando.
"Quem você queria que estivesse em seu lugar, Winston?"
Perco o foco.
Eu amo o Grande Irmão.
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