“Era uma vez um homem solitário que observava o
mundo. Ele observava como o vento soprava, como a água jorrava e como o sol
brilhava. Ele observava os seres vivos e achava engraçado como eram tão
diferentes dele. Ele até observava plantas, mas preferia especialmente alguns
bichos, pois achava interessante como andavam, comiam, voavam, corriam,
cantavam, viviam. Um dia, ele achou uma lagarta. Ela tinha cores muito fortes e
por isso era muito bonita. O homem então decidiu coloca-la em um pote e leva-la
a sua casa, para olhar mais de perto. A lagarta era tão tão bonita que o homem
não conseguia deixa-la ir. Por mais que os dias passassem, não conseguia parar
de observá-la. Um dia, porém, teve uma surpresa desagradável. Para sua
tristeza, uma casca muito feia se formara em volta da lagarta. O homem
solitário achou que ela tinha morrido e decidiu então que precisava ser
velada. Porém, todas as vezes que pensava em tirá-la do pote, ficava mais
triste e não conseguia fazê-lo. Passados alguns dias, entretanto, o homem teve
outra surpresa, dessa vez não tão horrível. Percebeu que a casca que envolvia a
lagarta estava rachando, e que havia indícios de que ela ainda vivia. Nunca
esteve tão feliz! Não precisaria vela-la porque afinal, ela estava viva! Então
o homem observou a lagarta se debater por muito tempo. Sentiu-se angustiado e
compadecido por ela. Cada dia que passava, menos casca e mais lagarta o homem
via, porém mais angustia ele sentia por pensar que talvez ela pudesse não
conseguir. Sua curiosidade, angustia e contemplação o levou ao caos. Sem se
controlar, o homem abriu o pote e, com a força das mãos, quebrou a casca que
ainda cobria o corpo de sua lagarta. Para a sua surpresa, entretanto, o que viu
foi um bicho alado e luminoso, ainda mais bonito. Percebeu que sua lagarta
havia mudado, se transformado, se metamorfoseado em uma linda borboleta. Contudo, apesar de absorto em
tanta beleza, um súbito sentimento de desespero lhe ocorreu. Por que a então
borboleta não se mexia, batia as asinhas tão debilmente? O homem solitário percebeu, por fim, que ao livrar a borboleta de sua casca, não tinha permitido que ela obtivesse a força que tanto necessitava para voar, proveniente da provação solitária de sua libertação.
E então o homem solitário chorou a verdadeira morte de
sua lagarta-borboleta.
Ao tentar ajudá-la a sair de seu casulo, na verdade a
matara”.
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