segunda-feira, 21 de março de 2016

O Homem Solitário e a Lagarta-Borboleta

“Era uma vez um homem solitário que observava o mundo. Ele observava como o vento soprava, como a água jorrava e como o sol brilhava. Ele observava os seres vivos e achava engraçado como eram tão diferentes dele. Ele até observava plantas, mas preferia especialmente alguns bichos, pois achava interessante como andavam, comiam, voavam, corriam, cantavam, viviam. Um dia, ele achou uma lagarta. Ela tinha cores muito fortes e por isso era muito bonita. O homem então decidiu coloca-la em um pote e leva-la a sua casa, para olhar mais de perto. A lagarta era tão tão bonita que o homem não conseguia deixa-la ir. Por mais que os dias passassem, não conseguia parar de observá-la. Um dia, porém, teve uma surpresa desagradável. Para sua tristeza, uma casca muito feia se formara em volta da lagarta. O homem solitário achou que ela tinha morrido e decidiu então que precisava ser velada. Porém, todas as vezes que pensava em tirá-la do pote, ficava mais triste e não conseguia fazê-lo. Passados alguns dias, entretanto, o homem teve outra surpresa, dessa vez não tão horrível. Percebeu que a casca que envolvia a lagarta estava rachando, e que havia indícios de que ela ainda vivia. Nunca esteve tão feliz! Não precisaria vela-la porque afinal, ela estava viva! Então o homem observou a lagarta se debater por muito tempo. Sentiu-se angustiado e compadecido por ela. Cada dia que passava, menos casca e mais lagarta o homem via, porém mais angustia ele sentia por pensar que talvez ela pudesse não conseguir. Sua curiosidade, angustia e contemplação o levou ao caos. Sem se controlar, o homem abriu o pote e, com a força das mãos, quebrou a casca que ainda cobria o corpo de sua lagarta. Para a sua surpresa, entretanto, o que viu foi um bicho alado e luminoso, ainda mais bonito. Percebeu que sua lagarta havia mudado, se transformado, se metamorfoseado em uma linda borboleta. Contudo, apesar de absorto em tanta beleza, um súbito sentimento de desespero lhe ocorreu. Por que a então borboleta não se mexia, batia as asinhas tão debilmente? O homem solitário percebeu, por fim, que ao livrar a borboleta de sua casca, não tinha permitido que ela obtivesse a força que tanto necessitava para voar, proveniente da provação solitária de sua libertação.

E então o homem solitário chorou a verdadeira morte de sua lagarta-borboleta. 

Ao tentar ajudá-la a sair de seu casulo, na verdade a matara”.

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