Como na
maior parte das vezes, tudo o que tem a ver comigo não dura muito tempo. Um dia
é sim, o outro é não. Um dia é frio, outro é calor. Um dia é campo, outro é
cidade. Não sei ao certo porque, mas de um momento para outro tudo o que é esperado
e certo fica meio chato, para de fazer sentido. O senhor tédio então me abraça
e se faz meu grande companheiro (a rotina é minha morte). Assim, eu preciso entrar
em ação, arrumar qualquer coisa que me instigue novamente. Preciso reinventar o
que já descobri, olhar de novo e procurar o que não vi, tirar a cor para
recolorir. Foi assim com os grãos de café, as bordas alaranjadas e os pacotes
de negresco simbólicos. De repente, eram incômodos, desconectados. Eram
estruturas que já não tinham sentido no meu contexto, que não se envolviam com meu
eu repleto de pensamentos, sentimentos e vontades móveis. E apesar de evitar encarar
por algum tempo, não me restou opção a não ser tomar minhas providências e refazer
o Layout do blog (e da vida). Enquanto as ideias borbulhavam navegantes sem
rumo específico, percebi que talvez esse ciclo do tédio/mudança tenha uma
lógica e um porquê – e que seja mais do que um mecanismo simplista e sem
sentido da Ana Bê.
Uma vez eu
ouvi uma história interessante a respeito de borboletas (e eu nem gosto de
insetos). Não sei ao certo onde, mas já faz algum tempo, acho. Ela me veio na cabeça
por esses dias, vagarosa e espinhenta, como se meu cérebro soubesse do que eu
realmente precisava. Foi a
partir dela que me dei conta de que tinha tornado a coisa toda de escrever
mecânica demais, devido ao pânico do compromisso. Hora marcada,
responsabilidade, pressão. É assim com relacionamentos também, a fobia da
obrigação. Ana Bê sendo a loba da Ana Bê, como diria Hobbes. Como se eu mesma
me arrancasse de dentro do meu próprio casulo em desconstrução, como se eu
mesma me auto sabotasse em minha solidão patética. E refletindo a respeito, me
pergunto se não teria sido esse o motivo de não conseguir mantê-lo atualizado
quando o criei. Será que era mesmo questão de maturidade, disciplina e
conteúdo?
Talvez, a
metamorfose luminosa brotasse da minha liberdade insana e louca. Talvez minha real
necessidade fosse desconvencionar o postulado do tempo corrido, a ideia de que
o tempo foge de mim na velocidade da luz. Talvez eu pudesse encontrar uma periodicidade
voluntariamente se não perdesse tanto do precioso tempo me submetendo a
preencher de palavras vazias as lacunas do compromisso.
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