quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

#15 1, 2, 3, 5, 10 estrelas no céu

O planeta que visitei junto ao princepezinho hoje foi o do homem de negócios. Bem propício, inclusive. O universo sempre sabe o momento certo de me confrontar, haha. O homem de negócios era um homem ocupado, que tinha que contar as estrelas todas. Mas não sabia muito bem pra que servia toda a contação. Meio que muito parecido comigo, quando faço um monte de listas e saio por ai só dando check no que foi feito, sem nem aproveitar e me dar conta do que faço. Estou vivendo na burocracia ou no propósito? 

Ao receber o princepezinho, o homem de negócios o encara como um incômodo, não como uma visita. É o que acontece quando ficamos presos nas burocracias, ahaha. Eu que sei. Quando tenho uma lista pra seguir, o maior medo é não dar tempo de checar tudo, então o que não envolve o plano, não cabe, é incômodo. O irônico é que é justamente as pequenas surpresas cotidianas, como os esbarrões em amigos em potencial que dão sentido para as listas. Se não dou espaço para o outro, o externo, me torno vazia, sem perspectivas, egoísta, a louca do controle, paranóica até. Um homem de negócios é um sujeito sério, não se deixa encantar pelas estrelas, afinal. 

O pequeno príncipe, sensato, pergunta o porque de tanta burocracia: pra que contar as estrelas? E a resposta... "para as possuir". O homem justifica: "não era de ninguém, eu tive a ideia, então é meu". Engraçado como queremos sempre ter o controle de tudo né? O ser humano tem a incrível habilidade de tentar fazer caber no próprio entendimento algo que está muito bem por si só. Tem um ditado que diz: "quando se torna nó, deixou de ser laço". Depois das estrelas contadinhas, os dados vão para um papel que será guardado em um cofre. E então o cofre vai valer mais que as próprias estrelas. 

A única coisa que o pequeno príncipe se lembra de possuir é sua flor. Mas o interessante é que a sua ideia de posse tem a ver mais com suas obrigações que benefícios - o que importa é como se dá ao que possui. Ele possui uma flor de quem cuida, para que é útil... já o homem de negócios não é útil para as estrelas...


Nenhum comentário:

Postar um comentário