Quinta-Feira

Tenho andado distraída. Impaciente, indecisa, confusa. Mas é diferente. Sim, diferente. É uma confusão tranquila e contente.
Percebi, finalmente, que tenho desperdiçado chances de ser o que eu quero ser, de viver o que eu quero viver, de sentir o que eu quero sentir... querendo provar coisas pra todo mundo, coisas que não preciso provar, só pra ser aprovada. Eu não preciso provar nada pra ninguém quando Deus conhece a minha verdade interior. E se isso for suficiente, eu fico.
Eu me fiz em mil pedaços, de mil formas, fragmentada, pra você juntar. E o tempo todo ficava racionalizando, arrumando explicações para o que eu sentia. Mas no fundo, esse foi o erro dos anjos caídos, pensar demais. Como eles, eu me esqueci de ser honesta: com o outro? Sim. Mas ainda mais comigo mesma. Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira. Por que tanto medo de abracar meus sentimentos?! Medo de não saber lidar... Mas me lembro...
Eu nao sou mais criança. Tenho crescido, tenho florescido. Não tenho que saber tudo, afinal. Isso é ser vulnerável. Então sim, eu posso encarar os meus sentimentos e verdades.
Eu não me preocupo mais com os porquês, eles não respondem nada importante. O meu olhar sensível vê o que muitos deixam passar, mesmo que guarde no coração. Mas eu sei que você sabe, mesmo sem querer, que queremos a mesma coisa.
Deus não é uma caixinha, ele é o todo, o que é eterno e nunca acaba. Eu contemplo sua beleza. Isso basta para mim. Contemplar é quase que estar em comunhão. Quando eu falo, muitas vezes faço trovejar. Muitas vezes são palavras vazias, porque por mais cheias que sejam não alcançam a grandeza do que quero dizer. E, claro, algumas coisas ficam presas na minha garganta: eu sei as palavras que nunca são ditas.
Sim, você estava chorando. Eu toquei na sua dor e ela me doeu de forma inexplicável. Eu até esqueci da minha própria dor, ironicamente tão igual a tua. Empatia, chamam. Mas foi mais. Foi ali que entendi o tanto que te queria.
Eu não me preocupo mais com os porquês, eles não respondem nada importante. O meu olhar sensível vê o que muitos deixam passar, mesmo que guarde no coração. Mas eu sei que você sabe, mesmo sem querer, que queremos a mesma coisa.
Hoje é quinta-feira.
É quase meio dia.
São duas de uma vez.
Ainda assim, nenhuma.
Eu nunca tive tanta certeza de quem sou e do que sinto.