O cabelo é a alma exterior

Meu cabelo já foi de vários jeitos. Curto na infância, longo durante toda a adolescência e agora nos ombros, na juventude. Já foi liso demais e agora tem umas ondinhas. Já teve os fios retos e agora é repicado, com fios de vários tamanhos. Já teve as pontas loiras, já teve as pontas roxas. Já foi laranja, vermelho, agora é cor-de-rosa. Se eu pudesse escolher algo para chamar de favorito na minha aparência, com certeza seria o meu cabelo.
Cabelo é fácil de mudar. Se a gente muda, ele pode mudar com a gente. É algo que vem do interior para o exterior, uhum. Mudar o cabelo é sempre libertador. Sempre significa alguma coisa, mesmo que não intencionalmente. Mesmo que signifique tédio ou cabeça quente. Se a mulher de cabelos longos algum dia significou feminilidade, a mulher de cabelos curtos, mais feminina que nunca, veio mostrar que isso não era sempre verdade. Se a mulher de cabelos lisos algum dia foi padrão de beleza, os cachos agora voltam e dizem que existem em sua própria natureza, tomando posse, novamente, da sua realeza. Se os fios retos por tanto tempo disseram sim a ordem, o caos organizado dos fios repicados toma conta e expressa toda a maravilhosa desordem. Cada nova cor que ilumina toda parte, deixa sair de dentro dela sua própria arte. 

Meu cabelo não precisa de mudanças drásticas e definitivas para dizer algo. Há tempos cheios de trancinhas, tempos escuros, porque elas me lembram solidão e tristeza. Há tempos cheios de maria chiquinhas, tempos de moleca, que cabelo preso significa hora de brincar e relaxar, infância. Há tempos de rabo de cavalo, de concentração máxima para executar alguma tarefa, como ler um texto importante ou estudar piano/violão. Há tempos de penteado, de sentir que posso ousar. Há também tempos de usar um coque com metade do cabelo preso, igual o Thiago Iorc, que me faz sentir extremamente sedutora, de um jeito bem despojado. Meu cabelo de cada dia expressa meu humor de cada tempo. Meu cabelo é minha alma do lado de fora!