É quase meio-dia, mas tudo está escuro de dentro da sala das duas portas. Nada se enxerga, mas tudo está posto. Há um ruido, uma melodia melancólica de fundo que vem de um violão com vida própria. É uma melodia cheia de pausas e imperfeições, que parece saber exatamente como atravessar muros altos e verdes. Está escuro e, por isso, não há olhares que procuram ver - nem internos, nem externos. Então os sentimentos se sentem a vontade para saírem e pairarem no ar. Os sentimentos explodem, esquentam tudo por dentro. Intensidade pode ser interior. As lágrimas lutam para descer, numa tentativa frustrada de acompanhamento. "Que tipo de jogo maluco é esse?" a voz ecoa. A voz é abraçada, muito fortemente. Quando as luzes se acendem, uau: os sentimentos não voltaram para dentro! Não há mais o medo do olhar. Caem todos os muros. Um a um. É necessário ser vulnerável, e sempre será um risco se mostrar ao outro. Mas é preciso acreditar na sensibilidade, que ela sempre ganha. Ela é colorida. É lindo descobrir que as cores podem ser plurais. Com certeza existem vários tons de vermelho.
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