Prólogo
“Pois o filho do homem veio
buscar e salvar o que estava perdido” Lc 19, 10
No início da minha adolescência,
eu costumava ser um garoto tímido. Mesmo assim, não me sentia solitário. Tinha
alguns bons amigos, ainda que não me lembre ao certo os traços de seus rostos. Dedicava
grande parte do meu tempo a coisas não tão importantes. Mesmo assim, vira e
mexe estava sorrindo. E sentindo. Tinha um grande desejo de ser aceito pelas pessoas.
Não me lembro ao
certo quando o mundo ao meu redor parou de fazer sentido para mim – ou quando
eu passei a viver exclusivamente para ele. Também não me lembro quando parei de
fazer sentido para mim mesmo. Meus pais sonhavam com a minha carreira, minha
namorada com nosso casamento. Eu só conseguia ver a monotonia de sempre. Estava
imerso a minha rotina, enxergava minha existência como uma grande confusão.
Me tornei um garoto
estranho. Mais estranho que já era. Andava calado, cabisbaixo, apático. Torcia
para que todos os dias terminassem o mais rápido possível, logo comecei a beber.
O pouco que conseguia sentir era um vazio no peito interminável, amenizado pelo
álcool, que parecia aumentar gradativamente com o passar do tempo. Uma angustia
gigante, um desespero tremendo.
Então, numa manhã
qualquer, eu decidi que não queria mais respirar. Eu não fazia parte do mundo e
ele não fazia parte de mim. Eu não o conhecia, eu não me conhecia. Desejei com
todas as forças que a morte me buscasse.
Felizmente, quem
bateu a minha porta foi a salvação.
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