segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A Caixinha de Lembranças

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Preciso começar esse texto expondo algo que, apesar de um pouco óbvio para aqueles que me conhecem, talvez não esteja tão estampado na minha cara a primeira vista: eu amo símbolos e tradições. Já ouvi várias colocações (e respeito) tais como "símbolos são símbolos, não dizem verdades" ou "Tradições são ultrapassadas". Porém, minha experiência pessoal não me deixa concordar. Para mim, a cada um cabe sua verdade e percepção de mundo, de acordo com sua realidade, sonhos e interesses, como também suas próprias tradições e crenças. Aos símbolos, fica a missão, portanto, da demonstração do ser. Se me perguntassem qual a minha coisa favorita sobre o ser humano, eu com certeza diria que é a habilidade de expressar, através de sua cultura, tudo o que vivencia durante a vida. Na aula de antropologia, estudei (por conta, risos) que tal habilidade é exclusiva do ser humano - nenhum outro ser vivo na terra é capaz de criar cultura e ser criado por ela. Ao meu ver, a forma mais pura e concreta que arrumamos de lidar com nosso caminho para a morte (dá-lhe Heidegger). É bom assim mesmo fazer um adendo, já que acho mesmo triste quando os símbolos e tradições viram obrigações sem significado pessoal algum, pois pesam e perdem o real valor. Nesses casos, é extremamente necessário e produtivo uma reavaliação de conceitos e sentidos, né?
Disse tudo isso para apresentar a primeira das minhas singularidades esquistranhas: eu tenho uma Caixinha de Lembranças! 
Ok Ab, prêmio pessoa esquisistranha para você, mas o que é exatamente uma Caixinha de Lembranças?

Esta é a dita cuja (ela tem
borboletas e notas musicais!)
Tudo começou no fim do ano passado quando eu precisei comprar uma caixa decorada para enfiar um presente caseiro que eu estava fazendo e resolvi ir às compras com a minha mãe (má ideia). O problema é que ela é a maior caixo-maníaca do universo (e com caixo-maníaca eu quero dizer que ela realmente não se controla ao ver caixas decoradas para vender quando tem dinheiro no bolso. O que aliás, é muito engraçado, porque toda vez que ela me dá um presente, ela acaba ficando com a caixa) e acabamos saindo da loja não só com a caixa que eu precisava: levamos uma para o presenteado, uma para ela e outra para mim.
Toda trabalhada no verniz, tinha detalhes muito bem feitos e era revestida por um tecido macio por dentro. Linda, perfeita, divina, ma-ra-vi-lho-sa. Aquela não era uma caixa qualquer. Mas, eu sinceramente não sabia o que fazer com ela. Mais uma caixa. A culpa não me deixou em paz. Tinha custado caro. Além disso, não pude recusar - não consigo recusar presentes, especialmente da minha mãe ("Mãe, obrigada, mas já tenho trinta e sete caixas em casa que eu não sei pra que usar, não preciso de mais uma, tchau" convenhamos que não era minha meta usar a caixa para recolher as lágrimas da minha mãe). Por sorte, acabei vendo um vídeo que salvou a dona caixa de ficar embolorando no armário.
O vídeo é de uma YouTuber muito fofa ("hello motherfuckers", https://www.youtube.com/watch?v=eJAyIB1qgDM), chamada Alice, e nele ela fala sobre o desafio do Pote de Sorrisos. O desafio é, basicamente, contar em algumas palavras algo que te tirou um sorriso, durante todos os dias de um mês (um mês no caso dela, porque outros youtubers falaram de fazer em um período de tempo maior, tipo um ano, mas daria mais trabalho). Eu não me animei muito em fazer o pote, porque meio que meu diário tinha a mesma função, mas acabou que pensar a respeito me fez ter uma ideia gênial para o uso da caixa.
Quando algo de extrema importância para mim acontecia, e vinha com algo simbólico concreto, eu simplesmente colocava dentro do meu diário junto com as anotações que fazia. Geralmente o que não cabia, enfiava em alguma gaveta e lá o objeto se perdia. O que começou a acontecer foi que, toda vez que abria o meu diário, tinha que tomar muito cuidado para não derrubar o que tinha lá dentro - e quando derrubava tinha que arrumar tudo: dava um trabalhão. Estava complicado levá-lo de um lado para o outro como de costume, mas deixá-lo em casa acabava prejudicando a frequência das minhas anotações. Além disso, não queria parar de guardar o que para mim era especial. O vídeo e a caixa, juntos, fizeram o alacazan para a magia acontecer.
Como ela é, por dentro
O que você guarda nela, afinal? 
Geralmente fotos, adesivos, recibos, chachás, convites, cartas, desenhos, presentes contemplaivos, cartões, certificados, gabaritos de vestibulares, pedaços de pano, entradas de cinema, cupons, moedas antigas do meu avô, cupons, cartões telefônicos, etc. Coisas que fazem sentido para mim.
Mas então você guarda um monte de tralhas nessa uma caixa?
Ai, não chame assim. Não sabe ler, não? Lembre do simbolismo no começo, por favor. Eu guardo momentos. O que existe de mais sincero das minhas relações (inclusive comigo mesma). Era onde eu colocava meu pen drive dos livros (*pessoa levemente chorandinha*). É onde fica o que foi tão especial a ponto de fazer parte da construção da pessoa que sou hoje.
O que ter uma Caixinha de Lembranças realmente significa para você? 
Significa saber que eu não vou me esquecer. É que não quero que certos momentos desapareçam no tempo. Gosto de lembrar do que vivi, guardar no coração.
Sou um pouco peculiar, eu sei.

É por isso que o quadro se chama Singularidades Equisitranhas de Ab.
Lide com.

Um beijão no coração 
Ab ~

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