quinta-feira, 21 de março de 2019

PP#8 A guerra entre flores e carneiros: o pequeno príncipe

Rosas são flores especiais. 
Não pelo motivo que pensam que o são. 
Uma beleza peculiar e esplendorosa requer um punhado de espinhos perigosos à mostra... certo?
Os espinhos externos visam expor as imperfeições encobertas pelas pétalas grandes e belas, afinal, estão sempre atraindo olhares interesseiros..., não interessados. 
Será? 
Talvez haja alguma verdade escondida nesse raciocínio... mas, no fundo, a verdade é pouca.
As Rosas sabem que não. 
Talvez seus espinhos sejam apenas uma tentativa de ignorar a fragilidade e carência de olhares. Rosas tem uma mania engraçada de querer controlar o olhar alheio... querem que os olhares recaiam sobre elas e as vejam... querem todos os olhares para elas... talvez apenas um olhar baste... 
Talvez seus espinhos sejam apenas um reflexo do medo de não serem olhadas pelo que verdadeiramente são. Uma tentativa de dizer: "o que eu te mostro não é nada verdadeiro... não se aproxime para averiguar... eu sei bem como machucar você".
O Pequeno Príncipe, em sua inocência, achava que sim. É por isso que ele se choca ao ouvir que Rosas podem ser devoradas por carneiros. Elas, de fato, podem. Carneiros não estão prestando atenção em Rosas, estão apenas com fome. Muito menos em uma Rosa específica, que se destaca entre as outras. 
Talvez um Carneiro não saiba como é amar uma Rosa, porque nunca foi cativados por uma.

Eu conheço uma Rosa, assim como o Pequeno Príncipe. Ela é mansa e vulnerável. Ela grita de maneira insegura e arrogante, às vezes (mesmo quando fala bem baixinho, puxando o r). Ela se sente solitária, dentro de sua redoma de vidro. Ela quer muito ser amada. E ela é linda, muito linda. Eu posso admirá-la, como ela deseja ser admirada. Ela pode pensar que eu o faço porque ela me convenceu (assim como a si mesma) de que é Rosa mais linda... mas não é por isso que eu faço. 
Eu faço porque a amo. 
Talvez ela não seja a Rosa mais linda do mundo, mas ela é a minha Rosa. Então é a Rosa mais linda no meu mundo. Eu amo as pétalas e amo os espinhos. Eu amo o paradoxo todo... e é isso que a faz uma Rosa no meio de tantas outras Rosas. É isso que a faz uma flor tão especial entre as outras flores... Ela é vulnerável e forte... vulnerável pela própria ilusão... e forte pelas próprias fraquezas.

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